terça-feira, 28 de junho de 2011

Navegadores Europeus, Seus Mitos E Contato Com Os Primeiros Nativos Da América


O imaginário europeu que revestiu a colonização  da América portuguesa esteve envolto ao campo místico aliado a religiosidade da época das grandes navegações.
A relação entre o humano, o divino e o natural era o que pautava as relações dos europeus daquela época com tudo aquilo em que eles acreditavam e se relacionavam.
Todos aqueles que não tinham a mesma fé católica e visão de mundo que os europeus eram considerados ''diferentes'' e, portanto, eram hostilizados e perseguidos o que culminou em diversas Cruzadas ao longo da história.
Partindo do pressuposto que para os europeus da época das grandes navegações e detentores desta mentalidade, na esfera divina, não poderia haver Deus sem Diabo, na natureza, não existia Paraíso Terrestre  sem Inferno e em meio aos homens existia um misto de virtude e pecado.
A estranheza com os indígenas (que neste texto são o foco) por exemplo, acaba baseando-se justamente nesta visão de mundo.
Quando os descobridores portugueses tiveram o seu primeiro contato com os índios se depararam com um povo que não cultuava o mesmo Deus que eles, tinham hábitos considerados animalescos, como a antropofagia que era praticada apenas por algumas tribos indígenas e se organizavam socialmente de uma forma que para eles não condizia com a visão que eles possuíam de sociedade organizacional, vale ressaltar que isto ocorreria se é que os europeus considerassem que os nativos tinham noções de sociedade, então observa-se um tipo de ''pré-conceito'' já estabelecido, cultural e legitimado também pelo divino.
A estranheza cultural foi o que causou o choque cultural entre desbravadores europeus e nativos, o que tornava a convivência hostil.
Observa-se que as missões dos jesuítas eram catequizar os índios, ou seja, obrigá-los a possuir a mesma fé que eles para poder assim melhor impor sua cultura, outro exemplo do quanto o aspecto religioso era afirmado com o aspecto cultural.
Esta ''adaptação'' que os nativos tiveram que fazer com a chegada dos portugueses foi para eles algo muito ferrenho e, de certa forma, ruim, pois tiveram que abandonar tudo aquilo em que acreditavam e pautavam sua existência, para legitimarem o Deus e consequentemente a cultura dos portugueses.
Estes, por sua vez, quando aceitaram algum traço da cultura indígena foi para melhor coagirem e penetrarem na religião e cultura indígena para impor e disseminar a fé européia, exemplo disto podemos afirmar casamento indígena. Para a cultura tupiguarani o casamento era do tio com a sobrinha. Embora os jesuítas condenassem este casamento realizado entre os tupiguarani, o admitiam pois deste modo os índios estariam casados.
Todo este cenário é o retrato da relação dominado e dominador que se dava dentre descobridores e nativos (aqui em questão), considerar alguém inferior por não manter a mesma religião, as mesmas relações humanas e com a natureza que tinham os europeus era, sem sombra de dúvida, motivo para invadir, explorar, fazer imposições e ceifar a vida dos povos que nem sequer sabiam o motivo de tudo aquilo.
Se para os europeus o motivo era ''apresentar'' aos índios a sua fé, conseguiram, e mostraram-lhes  logo o inferno que sempre foi tão ilustrado e fantasiado pelos europeus.
Para os europeus impor sua religião aos índios era algo mais que legitimado por eles que eram resultado de uma sociedade que mantinha sua religião acima de tudo e baseava todos os seus atos na mesma.
Em uma mão os europeus seguravam a Bíblia na qual se sentiam protegidos pela palavra de Deus e na outra empunhavam espadas e armas para facilmente aniquilar todo aquele que fosse contra, não aceitasse ou simplesmente não conhecesse a fé e cultura européia.De certo modo, a colonização portuguesa na América baseava-se em uma visão contraditória e, ao mesmo tempo, complementar, ou seja, a colônia ora era vista como Reino de Deus, ora como Reino do Diabo. Isto sem falar que a colônia também era vista como purgatório de riquezas e igualmente de pecados dos índios, negros e dos colonos que nem sempre seguiam a risca os mandamentos de Deus e da Igreja nas imensidões das terras situadas ao sul do Equador.

Autora do texto:Jullyana =)

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