sexta-feira, 24 de junho de 2011

Resumão Sobre a Unidade Temática Sociedades Africanas



Durante á Unidade Temática:Sociedades Africanas, que obtive no Segundo Semestre de 2010 na Universidade Federal Do Triângulo Mineiro, pude perceber á importância dos estudos e pesquisas sobre as sociedades africanas.
Como futura historiadora, entendo que a pesquisa é algo essencial para o entendimento de qualquer objeto de estudo, no caso a África.
Um dos textos que li e que me foi muito esclarecedor foi o texto:A matriz Africana No Mundo, de Elisa Lakin Nascimento que visa esclarecer pontos á respeito da origem humana na áfrica e outras temáticas á respeito da ‘’força’’ que a sociedade ocidental faz para negar esta importância do legado da África.
O texto aborda com muita destreza e cautela á questão da significância que o povo africano têm para com todos os demais povos do mundo e até mesmo influências que o povo africano causou em demais sociedades.
Uma passagem que explicita com louvor isto é: ”[...]aquele complexo de elementos culturais que primeiro aparecem na história humana entre 8 mil e 6 mil anos atrás. Nessa época, com base na agricultura, na criação de gado e na metalurgia, começou a aparecer a especialização ocupacional extensiva nos vales dos rios do sudoeste da Ásia(Tigre e Eufrates). Apareceu lá também a escrita, bem como agregações urbanas bastante densas que acomodavam administradores, comerciantes e outros especialistas.”(Harris e Levey,1975, p.565)(Texto de Elisa Lakin, p.62).
Lendo o texto, pude descobrir que antes mesmo desta civilização ter sido descoberta, as sociedades africanas já se organizavam de forma semelhante e até mesmo a criação do gado já era realizada em território africano, um exemplo da influência da África para com os demais povos vindouros futuramente.
A questão da ‘’negação ‘’da influência africana também está  presente no texto quando Elisa Lakin Nascimento ressalta a força que a Igreja Católica faz para não reconhecer que já obteve papas negros:
‘’Esses papas são descritos por seus contemporâneos como africanos fisicamente bem caracterizados. Entretanto, as representações posteriores, em livros didáticos e histórias da Igreja, pintam-nos como brancos de clássico perfil romano”(Nascimento,2008. P.96)
Este tipo de ‘’desmerecimento’’ para com a África, é algo antigo e esta presente até mesmo na origem do homem. Foi o que ilustrou o documentário o documentário ‘’A origem do homem’’ apresentado na aula de Sociedades Africanas no dia 17/08/2010, que teve por objetivo apresentar á África como o berço da humanidade, explicitando fatos científicos já comprovados de que a origem humana deriva do continente africano.




A luta pela sobrevivência sofrida pelos primeiros homens e mulheres que vinham do continente africano também fica claro durante o documentário, foi uma ‘’árdua tarefa’’ se manterem vivos e consequentemente perpetuarem a raça humana. Esta luta pela sobrevivência pode ser claramente ilustrada com as migrações que estes grupos tiveram que fazer por diversos cantos do globo terrestre, sem saber o que iam encontrar, tendo que se adaptar ao novo clima que encontravam pela frente, predadores ferozes e ao novo habitat que teria que ser sua nova casa.
Outro fator importantíssimo ilustrado pelo documentário é a ‘’força’’ que a ciência fazia para não reconhecer este legado que os primeiros africanos nos deixaram. A começar pela negação de que o homem não deriva do continente africano e sim do europeu, o que fica claro a questão do ‘’europocentrismo’’, inclusive com falsas descobertas científicas que desconfigurava a tese de que o primeiro homem deriva do continente africano.
Fica claro que esta negação que se dava é fruto de uma construção histórica-cultural pois ao se aceitar que os negros seriam a primeira espécie humana que povou todas as nações do mundo, teria que se desfazer de vários pensamentos já constituídos de que o primeiro homem seria um europeu, alto, branco e porque não de olhos azuis.
O ocidente acredita que é o grande percurssor de tudo que envolve a evolução humana e consequentemente a sua origem, já o continente africano sempre foi submetido á pensamentos de atraso e nunca poderia se comparar a grandeza e superioridade do ocidente, algo que com os estudos apresentados pelo documentário está sendo repensado e apurado com muito zelo.
Este primeiro homem surgido no continente africano e que dele derivou a raça humana, sem dúvida foi o elo para com a evolução humana e para a legitimação de legados culturais, pois á partir do momento que toda a raça humana veio dos africanos, toda ela sem exceção carrega consigo valores já legitimados por este povo e que sem dúvida continuará se perpetuando.
Com tudo apresentado ao longo do documentário e textos lidos a respeito do assunto, fica nítido que os negros tiveram essencial participação no que diz respeito á origem da raça humana que é uma só. Se desconstruir a idéia de que foi na Europa que tudo aconteceu ou a própria questão do europocentrismo é algo desafiador, mas, se caso está se omitindo a verdadeira identidade da origem humana por preconceitos étnicos, tende-se a cada vez mais estudos serem realizados e principalmente divulgados á respeito do tema para que cada vez mais as demais pessoas saiam desta alienação ‘’branca’’ e enxerguem e respeitem a verdadeira origem humana, origem está, apresentada pelo documentário, que se deu através da difícil luta pela sobrevivência e que cuminou na perpetuação de todos os demais seres humanos.
Lendo em especial o texto de Elisa Lakin Nascimento e assistindo ao documentário A Origem Do Homem, pude perceber tão forte é a força que a Sociedade Ocidental faz para desligitimar toda e qualquer significância que têm á África para todo o resto do mundo.
Uma atividade que gostaria de ressaltar que foi realizada durante a Unidade Temática Sociedades Africanas foram os seminários.
Me lembro do primeiro em que foi socializada com a turma o tema da oralidade nas sociedades africanas. A oralidade para este povo é algo que faz perpetuar toda a sua cultura que é também a base de sua sobrevivência.
Em específico o seminário que apresentei intitulado:A Questão Ancestral-o preexistente e a criação do mundo, visou socializar com todos a legitimação que a sociedade Senufo têm para com sua ancestralidade.
Algo que me despertou a atenção foi a questão da matrilinearidade, a mulher africana é a base e têm papel fundamental dentro da família e da Sociedade.
Os dois principais deuses do povo Senufo; Ka Tyeleo que quer dizer grande mãe da ladeia que foi quem ensinou aos seres humanos todos os procedimentos para com a terra, para o seu cultivo e Koulo Tyolo que foi o deus responsável pela criação do mundo e do homem.
A representação desta deusa (Ka Tyeleo) é tamanha que o povo Senufo realiza cultos em sua homenagem, como o Poro que dentro da comunidade Senufo a iniciação com caráter telúrico, ligado á terra remetendo á deusa Ka Tyeleo, a grande mãe da aldeia que foi quem presenteiou o povo Senufo com a terra e com as técnicas para cultiva-lás.
Desta legitimação ancestral e divina observa-se o forte valor da divindade feminina, consequentemente á importância da mulher refletida dentro da sociedade africana Senufo.
Fábio Leite, autor do texto:A Questão Ancestral, ao longo do texto utiliza outros autores para melhor explicar a dimensão ancestral do povo Senufo, um exemplo disto é esta citação escrita por Ouattara, um escritor Senufo:”São portanto os dois principais personagens da organização familiar do tipo matrilinear que encontramos no Bosque Sagrado, mas em estado simbólico. O Bosque Sagrado é uma síntese de tudo o que existe, esses personagens representariam a organização do universo (e o próprio homem), manifestada, no real-concreto pela constituição e administração da comunidade a cargo de Ka Tyeleo.(Ouattara, 1981:60)
Esta passagem explicita bem tão quão o sagrado influência e está presente no âmbito social desta comunidade e consequentemente esta legitimação para com a sua ancestralidade faz com que esta comunidade continue perpetuando seus valores culturais e sociais.
Esta questão da matrilinearidade também pôde ser observada no filme:Moolaadé, apresentado no dia 30/11/2010 durante á aula de Sociedades Africanas.
Além disto, o filme trouxe á tona a questão do tradicionalismo (a aldeia das Salindana ainda adotavam a prática da mutilação genital) X o contemporâneo (já uma mulher da aldeia das Bilakoro, não concordava com esta prática).
Esta mudança de valores culturais, pode ter ocorrido devido a questão das Bilakoro terem contato com mídias, no filme, o exemplo é o rádio. Inclusive dentro da aldeia das Bilakoro, as pessoas têm acesso á preservativos, o que acaba por ser novos valores agregados dentro daquela sociedade.




Outro ponto que achei muito válido foi a questão do Islamismo presente dentro da comunidade das Bilakoro (comunidade africana), isso ao meu ver, também faz parte de novos valores legitimados e consequentemente, inseridos dentro daquela Sociedade, mas, mesmo com novos valores dentro da comunidade africana mostrada no filme, a questão ancestral da matrilinearidade aparece ainda muito presente e muito consolidada, o que reforça tão quão este povo legitima seus valores ancestrais, apesar de absorverem outros valores.
Com tudo o que foi socializado ao longo deste segundo semestre de 2010, na Unidade Temática Sociedades Africanas, fica claro a importância da formação e atuação do educador historiador, pois fizemos pesquisas, apresentamos seminários aonde dedicamos o que de melhor temos no que se diz respeito a interpretações de texto  e dinâmica para ministrar aulas, que seja um seminário de alguns minutos mas creio que esta didática de termos que apresentarmos seminários já é uma forma de indo nos acostumando a dar aulas, enfim, tudo para aprofundarmos mais na temática e trabalharmos nosso lado de pesquisador no estudo sobre as sociedades africanas, estudos que emanciparam meus conhecimentos em relação a significância da África e dos Africanos.





Referências:

LEITE, Fábio. A Questão Ancestral. A África Negra. SP:Palas Athena:Casa das Áfricas, 2008.
SILVA, Alberto da Costa e. A Enxada E A Lança:A África Antes Dos Portugueses. São Paulo,Nova Fronteira, EDUSP, 1992.

THORNTON, John. A África E Os Africanos Na Formação Do Mundo Atlântico.1440-1800.Rio de Janeiro.

NASCIMENTO, Elisa Lakin. A Matriz Africana No Mundo.2008. São Paulo.

Filme:Moolaadé:Direção:OusmaSembene,2004;Gênero:Drama;Duração:120 minutos.

Documentário:A Origem Do Homem:Direção:Andrew Piddington,2002.Produção:Discovery Channel

www.googleimagens.com.br (acessado em 01/12/2010)

“África Mãe''






Nenhum comentário:

Postar um comentário