terça-feira, 28 de junho de 2011

Navegadores Europeus, Seus Mitos E Contato Com Os Primeiros Nativos Da América


O imaginário europeu que revestiu a colonização  da América portuguesa esteve envolto ao campo místico aliado a religiosidade da época das grandes navegações.
A relação entre o humano, o divino e o natural era o que pautava as relações dos europeus daquela época com tudo aquilo em que eles acreditavam e se relacionavam.
Todos aqueles que não tinham a mesma fé católica e visão de mundo que os europeus eram considerados ''diferentes'' e, portanto, eram hostilizados e perseguidos o que culminou em diversas Cruzadas ao longo da história.
Partindo do pressuposto que para os europeus da época das grandes navegações e detentores desta mentalidade, na esfera divina, não poderia haver Deus sem Diabo, na natureza, não existia Paraíso Terrestre  sem Inferno e em meio aos homens existia um misto de virtude e pecado.
A estranheza com os indígenas (que neste texto são o foco) por exemplo, acaba baseando-se justamente nesta visão de mundo.
Quando os descobridores portugueses tiveram o seu primeiro contato com os índios se depararam com um povo que não cultuava o mesmo Deus que eles, tinham hábitos considerados animalescos, como a antropofagia que era praticada apenas por algumas tribos indígenas e se organizavam socialmente de uma forma que para eles não condizia com a visão que eles possuíam de sociedade organizacional, vale ressaltar que isto ocorreria se é que os europeus considerassem que os nativos tinham noções de sociedade, então observa-se um tipo de ''pré-conceito'' já estabelecido, cultural e legitimado também pelo divino.
A estranheza cultural foi o que causou o choque cultural entre desbravadores europeus e nativos, o que tornava a convivência hostil.
Observa-se que as missões dos jesuítas eram catequizar os índios, ou seja, obrigá-los a possuir a mesma fé que eles para poder assim melhor impor sua cultura, outro exemplo do quanto o aspecto religioso era afirmado com o aspecto cultural.
Esta ''adaptação'' que os nativos tiveram que fazer com a chegada dos portugueses foi para eles algo muito ferrenho e, de certa forma, ruim, pois tiveram que abandonar tudo aquilo em que acreditavam e pautavam sua existência, para legitimarem o Deus e consequentemente a cultura dos portugueses.
Estes, por sua vez, quando aceitaram algum traço da cultura indígena foi para melhor coagirem e penetrarem na religião e cultura indígena para impor e disseminar a fé européia, exemplo disto podemos afirmar casamento indígena. Para a cultura tupiguarani o casamento era do tio com a sobrinha. Embora os jesuítas condenassem este casamento realizado entre os tupiguarani, o admitiam pois deste modo os índios estariam casados.
Todo este cenário é o retrato da relação dominado e dominador que se dava dentre descobridores e nativos (aqui em questão), considerar alguém inferior por não manter a mesma religião, as mesmas relações humanas e com a natureza que tinham os europeus era, sem sombra de dúvida, motivo para invadir, explorar, fazer imposições e ceifar a vida dos povos que nem sequer sabiam o motivo de tudo aquilo.
Se para os europeus o motivo era ''apresentar'' aos índios a sua fé, conseguiram, e mostraram-lhes  logo o inferno que sempre foi tão ilustrado e fantasiado pelos europeus.
Para os europeus impor sua religião aos índios era algo mais que legitimado por eles que eram resultado de uma sociedade que mantinha sua religião acima de tudo e baseava todos os seus atos na mesma.
Em uma mão os europeus seguravam a Bíblia na qual se sentiam protegidos pela palavra de Deus e na outra empunhavam espadas e armas para facilmente aniquilar todo aquele que fosse contra, não aceitasse ou simplesmente não conhecesse a fé e cultura européia.De certo modo, a colonização portuguesa na América baseava-se em uma visão contraditória e, ao mesmo tempo, complementar, ou seja, a colônia ora era vista como Reino de Deus, ora como Reino do Diabo. Isto sem falar que a colônia também era vista como purgatório de riquezas e igualmente de pecados dos índios, negros e dos colonos que nem sempre seguiam a risca os mandamentos de Deus e da Igreja nas imensidões das terras situadas ao sul do Equador.

Autora do texto:Jullyana =)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os Escravos E Os Quilombos No Brasil

                                                        
Durante a escravidão, ocorriam formas de resistência  por parte dos escravos que se aglomeravam nos quilombos afim de levarem uma vida longe do trabalho forçado e dos chicotes de seus senhores.
Nestes quilombos os escravos não eram totalmente ''livres'', aqueles que eram ''capturados'' eram considerados escravos dentro dos quilombos (local aonde os escravos se refugiavam).
A sobrevivência se dava quase que exclusivamente através da subsistência, os escravos que se refugiavam nos quilombos produziam apenas para o seu uso-fruto.
Os quilombos faziam parte da ''sociedade escravocrata'' da época e ameaçavam de uma certa forma as regras impostas pela América Portuguesa, pois, o negro fugido além de estas desafiando as regras portuguesas, ele gerava também prejuízo para o seu senhor. Deste contexto surgem os chamados ''capitães do mato'', uma espécie de caçadores de recompensa, pois o negro fugido que viesse a ser recuperado valia muito tanto para o seu senhor quanto para o capitão do mato que viesse a capturá-lo.


Durante seu trabalho, o capitão do mato não estava sozinho na captura dos escravos fugidos, muitas vezes ele contavam com a valiosa ajuda dos índios que conheciam como ninguém as matas que em sua grande parte era para onde os escravos fugiam e constituíam-se os quilombos.
Dentro desta ''parceria'' (capitão-do-mato e índios) observa-se tão quão dúbia era esta relação, pois sabe-se que os índios também eram escravizados pela sociedade daquela época, então para se capturar os escravos fugidos eles usavam também ''escravos'' (os índios), ou seja, a sociedade usava um tipo de ''objeto'' (índios) para se recuperarem seu outro objeto, o escravo negro fugido.
Para reaver seu escravo fugido, a sociedade escravocrata da época utilizava de todo o seu recurso existente só para não perder a valiosissíma mão-de-obra escrava negra.
O medo das revoltas e das fugas para os quilombos por parte da sociedade da época era consequência do ambiente hostil que conviviam senhores e escravos, um ambiente de total submissão, violência e desumanidade.
Dentro do quilombo o escravo realizava suas tarefas, ou seja, trabalhava, mas longe daquele cenário assustador que ele foi inserido.
Nestes quilombos os escravos expressavam-se culturalmente com mais liberdade e longe dos olhos desconfiados de seus senhores.
Os quilombos eram uma forma de viver que os negros encontraram com o mínimo de decência possível e sem abusos.
Pode-se dizer que dentro dos quilombos, os negros ''remontavam'' o modo de organização que podia ser vindoura da sua organização ainda na África. Os escravos de uma forma bem limitada, se sentiam ''livres'' e podiam viver como tal, por mais que nos quilombos eles exerciam trabalhos e alguns eram considerados escravos, mas, tudo era consequentemente ameaçado pelos seus caçadores que a mando de uma sociedade escravocrata, que só visava lucros e ascensão econômica e para isto necessitava da mão-de-obra escrava.
Esta sociedade ''se sentina no direito'' de se apossar de seres humanos '' diferentes'', fisicamente e
culturalmente e os expunham e os abusavam de todas as formas possíveis, assim a fuga para os quilombos se tornava a única saída para se livrarem das garras desta sociedade escravocrata que com o passar do tempo se tornou uma ''Sociedade Preconceituosa'' que estamos inseridos até nos dias atuais.

Texto autoral:Jullyana =)

domingo, 26 de junho de 2011

Vida Pública e Privada Na Roma Antiga-século II D.C





A relação escravo e seu dono está envolta a esfera de dominado e dominador, tendo em vista que o dono tem total posse da vida do escravo, tendo-o como um objeto.
A escravidão figurada nesta Roma em questão  tinha um aspecto político bastante presente, exemplo disto é a hierarquia social existente dentro da própria escravidão. Haviam as diferenças entre os escravos, por exemplo,  os escravos denominados Pallas eram escravos eruditos e os escravos denominados mineradores exerciam o trabalho braçal , o que era  considerado desonroso na época.
O espaço que o escravo ocupava dentro desta sociedade era bastante amplo, ele chegava a ser considerado da família o que não o isentava da violência e exploração vinda por parte de seus donos. Tudo isso fazia legitimar o poder que o dono tinha sobre o seu escravo.
Outro ato extremamente político dentro desta Roma era o casamento legítimo, citado no III fragmento, o casamento tinha por principal objetivo a política, um aristocrata se casaria com a filha de um outro aristocrata afim de manter a hierarquia social dentro de ambas as famílias e perante a sociedade.
Faz-se necessário dentro desta temática do casamento ressaltar o papel da matrona que com todos os tabus estabelecidos pela sociedade romana era submetida a autoridade do patrono.
A unidade doméstica figurada nesta época:patrono, matrona, filhos, escravos, libertos e os clientes era o palco para se fazer política  o que fazia deste ambiente um pouco hostil, pois como já citado havia hierarquia dentre os escravos.
Ainda dentro desta hierarquia social, libertos que eram uma espécie de ex-escravos que ainda prestavam serviços ao seu patrono e os clientes que estavam ligados ao patrono devido a laços comerciais, se viam com uma desconfiança, percebe-se que se manter a ordem dentro deste cenário que era refletido na política romana era algo que requeria bastante diplomacia dentre todos os envolvidos.
Esta sociedade romana era orientada por uma hierarquia social que estava presente em todas as classes existentes da época. A vida privada que seria o casamento, relação com os escravos ou a escolha pessoal de algum funcionário de confiança que eram de prefêrencia os libertos, era toda calculada e articulada precisamente visando o status social que conforme se ascendesse refletiria no aspecto político, ou seja na vida pública.
 

Refêrencias: VEYNE, Paul.Os Escravos. A Casa E Seus Libertos.In:Aries,P. Duby. G.História da vida privada; vol.1:Do Império Romano ao ano mil. São Paulo:Companhia das Letras,2006.
GARNSEY, P, Sauller, R. El Imperio Romano.Madrid:Crítica, 1991, p.37.



Autora da postagem:Jullyana =)

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Um pouco sobre o preexistente Senufo...


O preexistente Senufo ás vezes aparece como princípio primordial masculino, sob o nome de Koulo Tyolo, ou então como primordial feminino quando denonimado Ka Tyeleo. Também representado como uma dupla constituída de duas divindades primordiais, uma masculina e outra feminina.
A aparição de uma divindidade feminina, reflete na organização matrilinear que têm a comunidade Senufo. De uma forma ou de outra, existe uma forte representação do feminino no âmbito do divino desta comunidade.
A legitimidade que este povo têm para com sua questão ancestral é de suma importância para sua organização social, um exemplo disso é a representação do ‘’Bosque Sagrado ‘’, local aonde segundo a crença Senufo, vivia o primeiro casal de seres humanos, auxiliados pela divindade Ka Tyeleo e a comunidade Senufo e matrilinear, a mulher, a mãe que é a base que sustenta toda a estrutura familiar.
Estas crenças, dentre outras deste povo vão além de apenas ‘’histórias’’ contadas pelos seus ancestrais, elas influenciam de tal maneira a vida desta comunidade que é introduzida na vida de cada um moldando assim os pilares da Comunidade Senufo.


Referência:LEITE, Fábio Rubens da Rocha, A Questão Ancestral:África Negra/Fábio Rubens da Rocha Leite.-São Paulo:Palas Athena:Casa das Áfricas, 2008




Autora do texto:Jullyana =)

Relatório sobre Instituições Ancestrais


O seminário intitulado: Instituições Ancestrais, visou socializar com a turma de Sociedades Africanas, no dia 09/11/2010 a questão ancestral, o preexistente e a criação do mundo Senufo.
O preexistente Senufo ás vezes aparece como princípio primordial masculino, sob o nome de Koulo Tyolo, ou então como primordial feminino quando denominado Ka Tyeleo. Também representado como uma dupla constituída de duas divindades primordiais, uma masculina e outra feminina.
A aparição de uma divindade feminina, reflete na organização matrilinear que têm a comunidade Senufo. De uma forma ou de outra, existe uma forte representação do feminino no âmbito divino desta comunidade.
A legitimidade que este povo têm para com sua questão ancestral é de suma importância para sua organização social, um exemplo disso é a representação do ‘’Bosque Sagrado ‘’, local aonde segundo a crença Senufo, vivia o primeiro casal de seres humanos, auxiliados pela divindade Ka Tyeleo e a comunidade Senufo e matrilinear, a mulher, a mãe que é a base que sustenta toda a estrutura familiar.
Estas crenças, dentre outras deste povo vão além de apenas ‘’histórias’’ contadas pelos seus ancestrais, elas influenciam de tal maneira a vida desta comunidade, sendo introduzida em cada indivíduo e assim moldando assim os pilares da Comunidade Senufo.
     Para os Senufos a terra é considerada como uma das principais manifestações do preexistente, razão pela qual sua natureza é absolutamente sagrada, aparecendo como uma espécie de divindade.
A terra é guardada por divindades de extremo poder, encarregadas de protegê-la e defendê-la. Com a enorme quantidade e por sua importância econômica é exigido alguns cuidados especiais para estabelecer um relacionamento ideal entre a terra e a sociedade, pois essas formam um só universo.
A ocupação inicial de uma área é procedida por um pacto estabelecido entre o ancestral fundador de um núcleo e essas divindades. Esse pacto é selado segundo os meios da sacralização[1], que estabelece direitos e deveres da comunidade em relação a terra.
Feito o pacto a sociedade cria um vínculo histórico indissolúvel com a terra, surgindo as figuras da família-aldeia e do ancestral-fundador. De acordo com o pacto, a terra, ser divino deve necessariamente repousar e o trabalho é organizado de maneira a que cada extensão de cultivo tenha um dia destinado a esse fim ao longo de um período determinado, quando a respectiva família ocupante trabalhará em outro local.
A terra é um dos principais bens legados pelos ancestrais e seu corpo sagrado não pode ser ferido a não ser pelos instrumentos de trabalho[2] por ela oferecida. Ela é considerada princípio e manifestação divina da fertilidade, exige culto caracterizado essencialmente pelos ritos agrários nos quais ocorrem cerimônias especiais, inclusive sacrifício de sangue, envolvendo as divindades, os ancestrais ligados ao pacto, as forças protetoras individuais e coletivas, as divindades gêmeos e a mulher, símbolos de fertilidade. As áreas onde ocorreram os rituais e as próprias sementes são sacralizadas, segundo as fórmulas mágicas concebidas pelos ancestrais, a fim de conseguir uma união fértil e uma boa colheita.
As pessoas que trabalham na terra nos períodos de semeadura e colheita, passam por ritos de purificação e de acréscimos de forças individuais, absorvendo porções preparadas segundo receitas que exigem conhecimento das propriedades das folhas e outros elementos.
            Durante a plantação e o crescimento, é oferecido sacrifícios às divindades protetoras a fim de se obter chuva na medida certa, o afastamento de pragas, a fertilidade e o sucesso nas colheitas.
            O produto não pode ser colhido, estocado ou consumido antes do processo de dessacralização[3], o que ocorre por intermédio das divindades-gêmeos, antes da colheita, ocorrem rituais de oferendas às divindades-gêmeos em porções duplas do que foi obtido, como por exemplo, duas espigas de milho, dois feixes de arroz.  Segundo Coulibaly (1978), essas oferendas não são estocadas por ninguém, são consumidas por animais ou pelo tempo. Após a colheita e estocagem ocorrem outros rituais para evitar o aparecimento de pragas e predadores.  
De acordo com os pactos a terra é algo inapropriável, pode ser usufruída em sua fertilidade e as árvores, frutos, águas e animais existentes na área pactuada, assim como a produção obtida pelo trabalho fazem parte do direito. A terra é algo que não pode ser vendido, é uma doação do preexistente e os pactos estabelecem que a terra não é de ninguém, e sim a toda comunidade abrangida pela aliança sagrada. A terra é algo indivisível, trata-se de um bem coletivo e não privado, sendo transmitido de geração para geração com as mesmas condições. 
            Segundo os pactos a família Nerigba tem o direito de usufruir da fertilidade da terra e administrá-la , o pacto dá direito à uma delimitação de área, sendo uma para o patriarca-chefe, Nerigbaafolo. Uma sub-área, Sekpo é destinado ao trabalho coletivo dos membros da Nerigbaa, é intocável e os produtos nela obtidos vão para as famílias conjugais (kpaa).
            Existe o sistema de sub-áreas de menor porte destinado ao cultivo, que continuam ligadas a parte total originária.
            As áreas chamadas Tologo só podem ser cultivadas para exploração pessoal dos chefes de Kpaa, integrantes da Nerigbaa. Desta cessão são excluídos os homens solteiros, com exceção eventual dos nascidos de um casamento Tyerporg. As mulheres casadas têm direito, a titulo local reservado ao trabalho pessoal. A exploração dessas sub-áreas só podem ser feitas após o trabalho nos campos coletivos. Os produtos podem ser usufruídos livremente pelos beneficiários.
            Os produtos obtidos dessas sub-áreas vão para um sistema complementar da circulação comunitária de alimentos, pois os produtos obtidos nos campos coletivos são estocados nos celeiros comunitários, para distribuição entre os componentes da Nerigbaa. A responsabilidade pela estocagem e circulação de víveres não é do patriarca-chefe, mais sim de outra pessoa o Gbodounjeo (aquele que entra no celeiro), cabe a ele velar pelos celeiros para nunca ficarem vazios, ele exerce sua autoridade plenamente, não cabendo nem ao patriarca-chefe contestar as suas decisões.
            Além dessas sub-cessões existe a atribuição de parcelas de terras-pactuadas a famílias não pactuantes. Esse beneficio é feito pelo patriarca-chefe, representante do pacto. O solicitante poderá explorar a terra, mas não as árvores e os frutos, pois continuam parte da família originária. À morte do cedido, o seu sucessor deve obrigatoriamente obter uma nova autorização que poderá ou não atende-la.
            No âmbito da comunidade, os bens coletivos são representados pelos imóveis da aldeia, lugares públicos, poços, cursos de água, locais de reunião, etc.
             Os trabalhos nos campos coletivos é essencialmente comunitário e ocorre na proporção de quatro dentre os seis dias que configuram a semana Senufo, restando aos indivíduos apenas dois dias para o labor nos campos deferidos as famílias conjugais, estando excluído desta possibilidade os homens solteiros.
            A terra é fonte legitimadora dos valores comunitários, por força do pacto estabelecido com ela pelos ancestrais fundadores. A terra, com seu estatuto sagrado, é um dos bens superiores legados à sociedade pelos ancestrais.
            Não há consenso sobre o aparecimento das primeiras Aldeias Senufo, para alguns eles foram os primeiros a ocupar o território, para outros eles ocuparam o território no ‘primeiro milênio da nossa era’, apesar dessas divergências teóricas, a aldeia Senufo é reconhecida por seu território atual.
 Desde seu surgimento, toda a sua organização e composição física, a Aldeia Senufo é ligada a questão ancestral, a caracterização física da Aldeia, deve ser composta por um Bosque Sagrado, um Panteão e um Cemitério. A sacralização da terra, através do pacto do ancestral-fundador, influenciou em seu modo de produção e na condição sedentária da aldeia, através da Agricultura. O Poro é outro elemento ligado a questão ancestral, surgindo pelo pacto com a terra, são os direitos e deveres de cada elemento da Aldeia.
A organização social se encontra altamente ligada a ancestralidade, a Aldeia Senufo tem por sua célula base a Nerigbaa (família extensa), que agrega ao patriarca-chefe e descendente do ancestral fundador, sua esposa ou esposas, filhos; seus irmãos, cunhadas e sobrinhos; suas irmãs, tias, solteiras ou viúvas e os filhos destas últimas, todos unidos por sangue, critério que permite identificar os seus. Há também a Kpaa, que é composta por famílias conjugais, esposo, esposas ou esposa e filhos. Devido a guerras e deslocamentos, houve a necessidade de novas alianças e além da composição original da Nerigbaa, a linhagem matrilinear, abrange descendente de cativos, de pessoas descendentes de outros complexos civilizatórios, que buscam cessão de terra para o cultivo.

            A Ancestral-Mulher (Katyeleo ou Tyleo, mulher idosa ou tia) é outra dimensão ancestral da aldeia Senufo, a mulher mais idosa da aldeia, altamente respeitada e sempre consultada pelo patriarca-chefe, tem suas palavras sempre ouvidas e suas decisões quase sempre prevalecem, sua função na comunidade é a educação moral e religiosa, arranjando esposos e esposas dentro da aldeia. Durante a realização do pacto com a terra é necessária a presença de uma ancestral-mulher, geradora da família, representando e mantendo a linhagem matrilinear.
            O papel do Ancestral-Fundador não é o da realização do pacto apenas, é o início e continuidade da comunidade, visto como herói e ser semi-divino no interior da aldeia, não perde seu valor e nem sua presença ao morrer. O ancestral-fundador têm um símbolo que o representa dentro da aldeia, mesmo ao morrer, um exemplo são as pedras-seres na aldeia Penyakaha, cada um tem sua pedra-ser, mas a do ancestral-fundador, Penya, se encontra isolada, a céu aberto, interagindo entre os homens e a natureza. A energia vital do ancestral-fundador se confunde com a vitalidade da terra, traz a harmonia, a pedra-ser não é apenas a representação da memória do ancestral-fundador, ela é o próprio ancestral-fundador.
            O patriarca-chefe, além de representante do ancestral-fundador, chefe da Nerigbaa, guardião do pacto e dos princípios ancestrais regentes da administração da família-aldeia, Tarafolo (guardião da Terra), Keguefolo (chefe da aldeia) e Sinzagafolo (principal responsável pelo Sizanga, o Bosque Sagrado), administra a aldeia política e religiosamente, gere bens, arbitra e media litígios, mas apesar dessas funções administrativas, seu poder é limitado. As decisões do patriarca-chefe passa por um conselho, composto por chefes da Kpaa (família conjugal). A organização do trabalho é feita por terceiros, utilizando idade e sexo como critérios; o Sweleo (supervisor dos trabalhos dos campos) é designado através de seu sucesso nas atividades; o Gbodoujeo (o que penetra nos celeiros) é o encarregado do estoque dos produtos coletivos nos celeiros; essas atividades são exemplos do poder limitado do patriarca-chefe, que não pode contestá-las e nem administrá-las. Espiritualmente o patriarca-chefe é Sacerdote do Bosque Sagrado, encarregado de cultos ancestrais, é o principal mediador entre vivos e antepassados, transforma-se em Kouto (parteira mítica do Bosque Sagrado), ajudando no nascimento do homem natural-social.


Referências: :LEITE, Fábio Rubens da Rocha, A questão Ancestral:África Negra/Fábio Rubens da Rocha Leite.-São Paulo:Palas Athena:Casa das Áfricas, 2008


[1] Ação de sacralizar, de tornar sagradas as coisas profanas.
[2] Teg. Ferramenta utilizada pelo o homem (enxada), kakpeg ferramenta utilizada pela mulher.
[3] O contrário de sacra­li­zação. No sentido positivo, consiste em devolver às realidades temporais a sua aptidão original, reconhecendo-lhes a autonomia abusivamente sub­me­tida ao poder religioso.


Autora da postagem:Jullyana =)

Resenha do texto:Educação Para Além Do Capital





O ensaio A educação para além do capital, escrito por István Mészáros para a conferência de abertura do Fórum Mundial de Educação, realizado em Porto Alegre, no dia 28 julho de 2004 visa compreender a educação que é passada aos alunos de uma maneira alienada, educação esta transmitida aos alunos por intermédio dos professores que também tiveram uma formação alienada.
Esta obra faz uma ligação desta imutabilidade dentro da educação com a questão do capitalismo, este por sua vez não possibilita mudanças dentro de seu sistema já estabelecido e dentro da educação não seria diferente, pois, todo o regimento da sociedade e questões que á perpassam são participantes deste sistema capitalista.
Mas no texto, Mészáros se limita a entender a influência capitalista no mundo educacional, ressaltando que quaisquer mudança que ocorra dentro deste regimento tem de ser acompanhada, porque no âmbito educacional que se correlaciona com a emancipação humana também ocorre um bloqueio neste progresso que Marx defendia, com a força que a emancipação poderia tomar no caso, através da educação, o capitalismo não ficaria ameaçado, pois, se trata de um sistema fortemente já estagnado, mas, encontraria algumas ‘’dificuldades e resistências’’ com este progresso. Este progresso prega uma ampla visibilidade á ser passada para as pessoas quebrando assim esta alienação que se é praticada historicamente.
Para este novo meio de se passar á educação, teria que acabar com algumas legitimações existentes dentro da sociedade. O fim deste domínio alienátorio, acarretaria na quebra deste sistema que visa reinar em favor do capital. Isto confere em analisar a educação por dois meios: a educação como é a grande fonte de visibilidade para a manutenção da ordem social do capital, mas uma vez um exemplo de que a educação é utilizada para meios alienátorios dentro da sociedade, por este motivo que tende-se á observar á educação para além do capital.
Sobre estes meios Mészáros retoma a idéia de Marx:a teoria da alienação e chega a conclusão de que a educação não pode contra o forte sistema capitalista e até mesmo qualquer mudança proposta dentro do âmbito da educação emancipadora já seria uma estratégia do capital para a consolidação de sua eterna perpetuação e de que a mudança do sistema capitalista, não seria a solução de todos os problemas vigentes na sociedade.
Ainda no texto, o autor afirma que a educação é vital, pois, é com a educação que surgem as possibilidades de quebra deste sistema. Este fato acaba por colocar a educação como um dos pilares para esta emancipação humana.
Como não é apenas desconfigurar o sistema, mas sim, dar consolidação á outra vertente que possibilite o firmamento desta nova educação, está mudança no sistema educacional é de grande valia dentro de qualquer movimento que tente esta reforma dentro do âmbito da emancipação humana.
Este processo mutatório, segundo o autor, visa um novo método que quebre o círculo vicioso que é proporcionado pelo capital de forma consistente, isto acarretaria na libertação de tudo o que já é pré-estabelecido pelo sistema capitalista, com isto, o indivíduo teria total amplitude em seus conhecimentos para refletir á respeito de qualquer vertente da sociedade, sem ter sido antes alienado. Mészáros ressalta ainda que é neste sentido que a educação institucionalizada pode contribuir para a superação do capital acarretando assim á tão almejada emancipação o que está relacionado com o progresso e com as trocas de informações da educação com as próprias experiências de vida do indivíduo.
Esta reforma trata de um novo meio para se fazer educação, pondo um fim no meio de ensino alienatório, reforma esta, que não seria apenas o fim do capitalismo, mas, sim um novo olhar que o indivíduo terá sobre a sociedade em que se está inserido.
Para seu melhor funcionalismo, esta reforma partiria dos princípios gerais, teria que ser empregue uma visão geral e ampla de todas as questões existentes nos meios sociais, sem haver nenhum tipo de limitação para com o indivíduo. Assim a educação tomaria á frente da superação total do capital, ou seja, é contra a alienação do capital que a educação tem que ser aplicada de forma geral. Esta reforma acarretaria em uma ‘’automudança’’ dos indivíduos que concretizariam esta nova ordem social, eles conduziriam suas vidas de forma mais consciente e menos delimitada. Seria uma vida voltada para as necessidades humanas e não pelas necessidades artificiais legitimadas pelo capitalismo.
É nesta mudança radical que Mészáros aposta que é o caminho da construção de um novo modelo social totalmente diferente do modelo capitalista, a amplitude da educação e do trabalho como atividade humana, não condicionadas apenas para o capital, mas, sim para o ser crescer enquanto pessoa, á partir deste entendimento vindo da educação emancipadora, que o indivíduo passará á legitimar este novo modelo de sociedade.


Referência:
MÉSZÁROS, István; A Educação Para Além Do Capital.


Autora da postagem:Jullyana =)




Reflexões Sobre A Formação Colonial Brasileria




 O período colonial brasileiro é marcado pela absorção e legitimação por parte dos brasileiros de valores vindos de seus colonizadores, em sua maioria, os portugueses.
A construção da nação e da própria identidade nacional se deu através desta transmissão ocorrida.
O próprio ‘’descobrimento’’ do Brasil, deu-se meio que intencionalmente, pois, os portugueses viam no solo brasileiro uma fortíssima fonte de prosperidade para a coroa portuguesa, assim o Brasil desde o início para seus colonos não passou de uma moeda valiosa. A exportação do pau Brasil, os engenhos de açúcar, as minas de ouro, enfim, tudo foi levado e Portugal não adotou para com o Brasil o papel de paternalismo.
Partindo desta visão que os colonos tinham do Brasil, a colonização em solo brasileiro ocorreu em desvaneio e o contato com os nativos que habitavam o Brasil foi de total dominação e subserviência.
Os nativos que aqui habitavam, tiveram de assimilar novos valores para poderem sobreviver ao mundo novo que seus colonizadores traziam consigo, já os colonizadores, também se adaptaram, mas não tiveram a inversão de valores em larga escala como os nativos.
Essa transmissão de valores entre colonizadores e nativos é algo que se perpetuou de tal maneira que até nos dias de hoje vemos nos brasileiros a mescla de cultura existente entre estes povos.
A própria identidade brasileira é algo que vêem da colonização, ‘’heranças’’ deixadas na personalidade do brasileiro é algo que remete ao tempo em que os colonizadores estavam por aqui.
Roberto DaMatta em O que faz o brasil, Brasil, explicita bem este legado deixado pelos colonizadores, a construção da personalidade do brasileiro também se deu através da própria personalidade do colono. O famoso ‘’jeitinho brasileiro’’ é algo que foi sendo lapidado e consolidado ao longo de todo o processo de colonização do Brasil.
Para se compreender melhor o período colonial no Brasil é necessário analisar a importância e a influência que este período teve para com os demais processos que estariam por vir no Brasil, e até mesmo nos tempos de hoje. Este tema engloba fatores cruciais, como a identidade brasileira e a construção nacionalista que são características que estão enraízadas no período colonial.
Outra questão que se faz necessária para compreender melhor a construção nacionalista no Brasil, é a diferenciação dos espaços público e privado que Sérgio Buarque de Holanda, no texto O Homem Cordial, faz menções sobre estes dois espaços e como são interpretados no Brasil.
No texto, Sérgio Buarque de Holanda explica que no Brasil o particular sobrepõe o privado, laços pessoais interferem no Estado, assim o estado torna-se impessoal e frio, laços patriarcais determinam o poder do estado, sendo que no estado moderno, questões familiares não se entrelaçariam com o estado.
Este Homem Cordial, segundo o autor, é um indivíduo que se deu graças ás relações interpessoais. Os laços pessoais, se sobrepõe ás relações interpessoais. Este homem, vive em um estado já constituído aonde prevalece as práticas pessoais, a democracia neste estado é uma aproximação pessoal, pois se misturaram Estado e Família, ou seja, a intimidade enfraquece as relações interpessoais.
Os valores que foram absorvidos ao longo do período e passados ao longo do tempo de geração para geração, estão hoje na personalidade e nas relações de todo e qualquer brasileiro e continua a se perpetuar. Toda esta temática acaba se configurando na herança deixada aos brasileiros pelos seus colonizadores.



Referências:
HOLANDA, Sérgio Buarque. O Homem Cordial. 26 ed.São Paulo.Cia das Letras,1995.
DA MATTA, Roberto. O que faz do brasil, Brasil? Editora Rocco LTDA. Rio de Janeiro.


Autora da postagem:Jullyana Silva =)


Resumão Sobre a Unidade Temática Sociedades Africanas



Durante á Unidade Temática:Sociedades Africanas, que obtive no Segundo Semestre de 2010 na Universidade Federal Do Triângulo Mineiro, pude perceber á importância dos estudos e pesquisas sobre as sociedades africanas.
Como futura historiadora, entendo que a pesquisa é algo essencial para o entendimento de qualquer objeto de estudo, no caso a África.
Um dos textos que li e que me foi muito esclarecedor foi o texto:A matriz Africana No Mundo, de Elisa Lakin Nascimento que visa esclarecer pontos á respeito da origem humana na áfrica e outras temáticas á respeito da ‘’força’’ que a sociedade ocidental faz para negar esta importância do legado da África.
O texto aborda com muita destreza e cautela á questão da significância que o povo africano têm para com todos os demais povos do mundo e até mesmo influências que o povo africano causou em demais sociedades.
Uma passagem que explicita com louvor isto é: ”[...]aquele complexo de elementos culturais que primeiro aparecem na história humana entre 8 mil e 6 mil anos atrás. Nessa época, com base na agricultura, na criação de gado e na metalurgia, começou a aparecer a especialização ocupacional extensiva nos vales dos rios do sudoeste da Ásia(Tigre e Eufrates). Apareceu lá também a escrita, bem como agregações urbanas bastante densas que acomodavam administradores, comerciantes e outros especialistas.”(Harris e Levey,1975, p.565)(Texto de Elisa Lakin, p.62).
Lendo o texto, pude descobrir que antes mesmo desta civilização ter sido descoberta, as sociedades africanas já se organizavam de forma semelhante e até mesmo a criação do gado já era realizada em território africano, um exemplo da influência da África para com os demais povos vindouros futuramente.
A questão da ‘’negação ‘’da influência africana também está  presente no texto quando Elisa Lakin Nascimento ressalta a força que a Igreja Católica faz para não reconhecer que já obteve papas negros:
‘’Esses papas são descritos por seus contemporâneos como africanos fisicamente bem caracterizados. Entretanto, as representações posteriores, em livros didáticos e histórias da Igreja, pintam-nos como brancos de clássico perfil romano”(Nascimento,2008. P.96)
Este tipo de ‘’desmerecimento’’ para com a África, é algo antigo e esta presente até mesmo na origem do homem. Foi o que ilustrou o documentário o documentário ‘’A origem do homem’’ apresentado na aula de Sociedades Africanas no dia 17/08/2010, que teve por objetivo apresentar á África como o berço da humanidade, explicitando fatos científicos já comprovados de que a origem humana deriva do continente africano.




A luta pela sobrevivência sofrida pelos primeiros homens e mulheres que vinham do continente africano também fica claro durante o documentário, foi uma ‘’árdua tarefa’’ se manterem vivos e consequentemente perpetuarem a raça humana. Esta luta pela sobrevivência pode ser claramente ilustrada com as migrações que estes grupos tiveram que fazer por diversos cantos do globo terrestre, sem saber o que iam encontrar, tendo que se adaptar ao novo clima que encontravam pela frente, predadores ferozes e ao novo habitat que teria que ser sua nova casa.
Outro fator importantíssimo ilustrado pelo documentário é a ‘’força’’ que a ciência fazia para não reconhecer este legado que os primeiros africanos nos deixaram. A começar pela negação de que o homem não deriva do continente africano e sim do europeu, o que fica claro a questão do ‘’europocentrismo’’, inclusive com falsas descobertas científicas que desconfigurava a tese de que o primeiro homem deriva do continente africano.
Fica claro que esta negação que se dava é fruto de uma construção histórica-cultural pois ao se aceitar que os negros seriam a primeira espécie humana que povou todas as nações do mundo, teria que se desfazer de vários pensamentos já constituídos de que o primeiro homem seria um europeu, alto, branco e porque não de olhos azuis.
O ocidente acredita que é o grande percurssor de tudo que envolve a evolução humana e consequentemente a sua origem, já o continente africano sempre foi submetido á pensamentos de atraso e nunca poderia se comparar a grandeza e superioridade do ocidente, algo que com os estudos apresentados pelo documentário está sendo repensado e apurado com muito zelo.
Este primeiro homem surgido no continente africano e que dele derivou a raça humana, sem dúvida foi o elo para com a evolução humana e para a legitimação de legados culturais, pois á partir do momento que toda a raça humana veio dos africanos, toda ela sem exceção carrega consigo valores já legitimados por este povo e que sem dúvida continuará se perpetuando.
Com tudo apresentado ao longo do documentário e textos lidos a respeito do assunto, fica nítido que os negros tiveram essencial participação no que diz respeito á origem da raça humana que é uma só. Se desconstruir a idéia de que foi na Europa que tudo aconteceu ou a própria questão do europocentrismo é algo desafiador, mas, se caso está se omitindo a verdadeira identidade da origem humana por preconceitos étnicos, tende-se a cada vez mais estudos serem realizados e principalmente divulgados á respeito do tema para que cada vez mais as demais pessoas saiam desta alienação ‘’branca’’ e enxerguem e respeitem a verdadeira origem humana, origem está, apresentada pelo documentário, que se deu através da difícil luta pela sobrevivência e que cuminou na perpetuação de todos os demais seres humanos.
Lendo em especial o texto de Elisa Lakin Nascimento e assistindo ao documentário A Origem Do Homem, pude perceber tão forte é a força que a Sociedade Ocidental faz para desligitimar toda e qualquer significância que têm á África para todo o resto do mundo.
Uma atividade que gostaria de ressaltar que foi realizada durante a Unidade Temática Sociedades Africanas foram os seminários.
Me lembro do primeiro em que foi socializada com a turma o tema da oralidade nas sociedades africanas. A oralidade para este povo é algo que faz perpetuar toda a sua cultura que é também a base de sua sobrevivência.
Em específico o seminário que apresentei intitulado:A Questão Ancestral-o preexistente e a criação do mundo, visou socializar com todos a legitimação que a sociedade Senufo têm para com sua ancestralidade.
Algo que me despertou a atenção foi a questão da matrilinearidade, a mulher africana é a base e têm papel fundamental dentro da família e da Sociedade.
Os dois principais deuses do povo Senufo; Ka Tyeleo que quer dizer grande mãe da ladeia que foi quem ensinou aos seres humanos todos os procedimentos para com a terra, para o seu cultivo e Koulo Tyolo que foi o deus responsável pela criação do mundo e do homem.
A representação desta deusa (Ka Tyeleo) é tamanha que o povo Senufo realiza cultos em sua homenagem, como o Poro que dentro da comunidade Senufo a iniciação com caráter telúrico, ligado á terra remetendo á deusa Ka Tyeleo, a grande mãe da aldeia que foi quem presenteiou o povo Senufo com a terra e com as técnicas para cultiva-lás.
Desta legitimação ancestral e divina observa-se o forte valor da divindade feminina, consequentemente á importância da mulher refletida dentro da sociedade africana Senufo.
Fábio Leite, autor do texto:A Questão Ancestral, ao longo do texto utiliza outros autores para melhor explicar a dimensão ancestral do povo Senufo, um exemplo disto é esta citação escrita por Ouattara, um escritor Senufo:”São portanto os dois principais personagens da organização familiar do tipo matrilinear que encontramos no Bosque Sagrado, mas em estado simbólico. O Bosque Sagrado é uma síntese de tudo o que existe, esses personagens representariam a organização do universo (e o próprio homem), manifestada, no real-concreto pela constituição e administração da comunidade a cargo de Ka Tyeleo.(Ouattara, 1981:60)
Esta passagem explicita bem tão quão o sagrado influência e está presente no âmbito social desta comunidade e consequentemente esta legitimação para com a sua ancestralidade faz com que esta comunidade continue perpetuando seus valores culturais e sociais.
Esta questão da matrilinearidade também pôde ser observada no filme:Moolaadé, apresentado no dia 30/11/2010 durante á aula de Sociedades Africanas.
Além disto, o filme trouxe á tona a questão do tradicionalismo (a aldeia das Salindana ainda adotavam a prática da mutilação genital) X o contemporâneo (já uma mulher da aldeia das Bilakoro, não concordava com esta prática).
Esta mudança de valores culturais, pode ter ocorrido devido a questão das Bilakoro terem contato com mídias, no filme, o exemplo é o rádio. Inclusive dentro da aldeia das Bilakoro, as pessoas têm acesso á preservativos, o que acaba por ser novos valores agregados dentro daquela sociedade.




Outro ponto que achei muito válido foi a questão do Islamismo presente dentro da comunidade das Bilakoro (comunidade africana), isso ao meu ver, também faz parte de novos valores legitimados e consequentemente, inseridos dentro daquela Sociedade, mas, mesmo com novos valores dentro da comunidade africana mostrada no filme, a questão ancestral da matrilinearidade aparece ainda muito presente e muito consolidada, o que reforça tão quão este povo legitima seus valores ancestrais, apesar de absorverem outros valores.
Com tudo o que foi socializado ao longo deste segundo semestre de 2010, na Unidade Temática Sociedades Africanas, fica claro a importância da formação e atuação do educador historiador, pois fizemos pesquisas, apresentamos seminários aonde dedicamos o que de melhor temos no que se diz respeito a interpretações de texto  e dinâmica para ministrar aulas, que seja um seminário de alguns minutos mas creio que esta didática de termos que apresentarmos seminários já é uma forma de indo nos acostumando a dar aulas, enfim, tudo para aprofundarmos mais na temática e trabalharmos nosso lado de pesquisador no estudo sobre as sociedades africanas, estudos que emanciparam meus conhecimentos em relação a significância da África e dos Africanos.





Referências:

LEITE, Fábio. A Questão Ancestral. A África Negra. SP:Palas Athena:Casa das Áfricas, 2008.
SILVA, Alberto da Costa e. A Enxada E A Lança:A África Antes Dos Portugueses. São Paulo,Nova Fronteira, EDUSP, 1992.

THORNTON, John. A África E Os Africanos Na Formação Do Mundo Atlântico.1440-1800.Rio de Janeiro.

NASCIMENTO, Elisa Lakin. A Matriz Africana No Mundo.2008. São Paulo.

Filme:Moolaadé:Direção:OusmaSembene,2004;Gênero:Drama;Duração:120 minutos.

Documentário:A Origem Do Homem:Direção:Andrew Piddington,2002.Produção:Discovery Channel

www.googleimagens.com.br (acessado em 01/12/2010)

“África Mãe''